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Realidade Virtual e dor crônica:

fisioterapeutas aderem à inovação no tratamento

O uso da Realidade Virtual (RV) no tratamento da dor crônica tem crescido rapidamente entre os fisioterapeutas. Na Holanda, em apenas um ano, o número de clínicas que utilizam óculos de RV para combater a dor quase dobrou — um aumento de 93%, de acordo com dados internos da Reducept.

Essa tendência revela que a RV está se consolidando como uma ferramenta eficaz, não apenas para aliviar a dor, mas também para reduzir a sobrecarga dos profissionais de saúde, especialmente diante do aumento de pacientes crônicos.

“Em setembro de 2022, apenas 73 clínicas utilizavam a RV. Hoje, esse número já ultrapassa 140”, afirma Louis Zantema, cofundador da Reducept.

Menos pacientes de “porta giratória”

Segundo Zantema, o crescimento do uso da RV reflete a busca por soluções inovadoras diante de um sistema de saúde cada vez mais pressionado.

“Só nos Países Baixos, temos mais de três milhões de pessoas com dor crônica. E com o envelhecimento da população, essa realidade só tende a aumentar”, explica. “Estamos trabalhando em parceria com fisioterapeutas para encontrar soluções eficazes e sustentáveis.”

A proposta é que os óculos de RV ajudem a reduzir a quantidade de pacientes que circulam entre diversos especialistas sem alívio eficaz — os chamados “pacientes de porta giratória”.

Dor crônica: uma dor que o cérebro cria

A dor crônica é frequentemente mal compreendida, tanto por pacientes quanto por profissionais da saúde. Como não está necessariamente associada a uma lesão atual ou dano tecidual, o tratamento tradicional muitas vezes não é suficiente.

“Na dor crônica, o problema está menos no corpo e mais no cérebro — é a percepção da dor que se altera”, diz Zantema.

Por isso, o Reducept propõe um tratamento baseado em educação em dor e neurociência, utilizando jogos em RV para “reprogramar” como o cérebro interpreta os sinais dolorosos.

Mais autonomia para os pacientes

Jens de Zwarte, fisioterapeuta na clínica Fysiotherapie Tilburg Reeshof, acredita que dar autonomia ao paciente é essencial.

“Quando as pessoas entendem melhor o que estão sentindo, passam a se envolver mais com o tratamento. Isso pode diminuir a necessidade de consultas frequentes e até prevenir queixas ainda mais graves”, afirma.

A RV oferece ao paciente uma experiência imersiva e interativa, permitindo que ele visualize e atue sobre sua dor em tempo real, o que aumenta o engajamento e melhora os resultados.

Uma alternativa eficaz aos opioides

Outro ponto importante é que a RV surge como uma alternativa promissora ao uso de opioides e analgésicos fortes. Com a crescente preocupação em torno do uso excessivo e dos efeitos colaterais desses medicamentos, abordagens como a do Reducept ganham cada vez mais destaque.

“Estamos vendo uma mudança no campo da fisioterapia. Os tratamentos comportamentais, baseados em evidências, estão ganhando força. E a Realidade Virtual é parte disso”, destaca De Zwarte. “Ela permite que o paciente se mova com mais confiança e segurança, o que é fundamental para a recuperação.”

A crescente adoção da Realidade Virtual por fisioterapeutas mostra que o futuro do tratamento da dor crônica já começou — e ele é mais humano, educativo e tecnológico. O Método Reducept é um exemplo de como a inovação pode transformar vidas, promovendo mais autonomia, menos dor e maior qualidade de vida.