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3 fatores que influenciam a dor: corpo, mente e ambiente

Por Louis Zantema
Fundador da Reducept, psicólogo especialista em dor crônica e líder em ciência e desenvolvimento de produto

A dor crônica é uma experiência complexa, influenciada por muito mais do que apenas o estado físico do corpo. Hoje, já se sabe que fatores biológicos, psicológicos e sociais interagem entre si e moldam a forma como cada pessoa sente e lida com a dor.

Esse entendimento está no centro do modelo biopsicossocial, uma abordagem amplamente aceita por profissionais de saúde modernos. Em vez de focar apenas em exames e medicamentos, o tratamento considera o ser humano de forma integral.

“Quando conseguimos reconhecer os fatores que influenciam nossa dor, abrimos novas possibilidades de tratamento e recuperação”, afirma Louis Zantema, psicólogo com mais de 8 anos de experiência clínica no cuidado com a dor crônica.

1. Biologia: o corpo e suas mensagens

A parte biológica do modelo se refere à condição física do corpo. Médicos e outros profissionais investigam se há lesões, inflamações ou alterações estruturais que possam justificar (ou contribuir para) a dor sentida.

Algumas abordagens típicas dessa dimensão incluem:

  • Prescrição de medicamentos

     

  • Procedimentos cirúrgicos

     

  • Uso de dispositivos médicos

     

  • Exercícios físicos e reabilitação

     

  • Perda de peso e ganho de condicionamento

     

Embora essa seja a forma mais conhecida de lidar com a dor, ela representa apenas uma parte do quadro completo.

2. Psicologia: pensamentos, emoções e comportamento

A dimensão psicológica envolve tudo aquilo que pensamos, sentimos e fazemos. Isso inclui nossa atenção, emoções, comportamentos, crenças sobre a dor e como reagimos a ela no dia a dia.

Ao contrário do que se pensa, trabalhar os aspectos psicológicos não exige necessariamente um psicólogo. Fisioterapeutas, médicos e outros profissionais da saúde também podem ajudar o paciente a:

  • Modificar padrões de pensamento

     

  • Reorganizar hábitos prejudiciais

     

  • Desenvolver estratégias de enfrentamento

     

  • Aprender sobre o funcionamento da dor

     

  • Recuperar motivação e senso de controle

     

“Muitas vezes, quando a abordagem médica não resolve completamente a dor, é justamente nessa dimensão que há mais espaço para mudança.”

Infelizmente, esse aspecto costuma ser negligenciado nos atendimentos tradicionais — mesmo sendo essencial para resultados duradouros.

3. Fatores sociais: o impacto do ambiente na dor

O ambiente onde vivemos, trabalhamos e nos relacionamos também influencia diretamente como sentimos dor. Chamamos isso de fatores sociais.

Alguns exemplos:

  • O apoio (ou falta dele) de familiares, parceiros e colegas

     

  • Como o parceiro reage à dor do paciente (com cuidado ou superproteção?)

     

  • O tipo de trabalho exercido e sua carga física ou emocional

     

  • A estabilidade financeira e o acesso ao tratamento adequado

     

Às vezes, o ambiente pode ajudar muito na recuperação. Mas em outros casos, pode manter ou até piorar a condição do paciente — mesmo sem intenção.

“Vejo com frequência parceiros que assumem todas as tarefas da pessoa com dor, o que, com o tempo, pode reforçar a inatividade e a dependência”, relata Louis.

O ideal é envolver o contexto social no tratamento, buscando equilíbrio entre suporte e incentivo à autonomia.

Enxergar a dor como algo mais do que físico

Compreender a dor crônica por meio do modelo biopsicossocial é fundamental para um tratamento mais eficaz, humano e duradouro.

Trabalhar apenas um desses aspectos pode trazer alívio momentâneo. Mas integrar corpo, mente e ambiente é o que realmente permite ao paciente recuperar o controle e transformar sua relação com a dor.

No Método Reducept, usamos essa mesma visão integrada, combinando educação em dor, tecnologia imersiva e acompanhamento profissional para promover alívio e autonomia.